Por Gleason Archer
As primeiras pessoas a receberem o perdão por suas faltas sem dúvida alguma foram Adão e Eva. Pressupõe-se em Gênesis 3.9-21 seu arrependimento e perdão, ainda que isso não esteja explícito. É certo que algumas observações registradas de Adão e Eva indicam que de início se evadiram da responsabilidade pessoal por terem comido do fruto proibido – Adão lançou a culpa sobre Eva, e essa condenou a serpente – mas marido e mulher admitiram por implicação terem cometido um ato que haviam prometido nunca realizar.
Registra-se nesse capítulo o reconhecimento total da culpa, o arrependimento pelo pecado cometido, embora a confissão não fosse genuína, e verificam-se também as medidas disciplinares tomadas pelo Senhor: Eva teria filhos mediante dores e estaria subordinada a seu sustento da terra com grande esforço; a morte física seria seu destino final. O castigo divino seria governado pela misericórdia e graça do Senhor. Deus não rejeitou os nossos primeiros pais, nem os abandonou à punição que mereciam, mas colocou-os sob uma disciplina severa por amor. Ele demonstrou que seus propósitos eram um lembrete sadio da infidelidade do colocarem Deus em primeiro lugar em suas vidas.
Visto que Gênesis 3.15 contém o primeiro anúncio da vinda do Salvador – “Este [ a semente da mulher] te ferirá a cabeça, e tu [Satanás] lhe ferirás o calcanhar” – parece lógico que se conclua que no dia em que Deus vestiu Adão e Eva, ele também lhes deu instruções a respeito do significado do sangue expiador do sacrifício vicário. Depois, eles passaram a seus filhos, sem dúvida, o significado do sangue redentor; está bem claro que Abel, o segundo filho de Adão, era um crente verdadeiro e recebera excelente instrução a respeito do sacrifício substitutivo, o que se verifica pelo holocausto da ovelha inocente no altar (Gn 4.4).
Caim e Abel teriam construído e usado seus altares separadamente, pelo que seriam pessoalmente responsáveis pelas suas ofertas, visto não haver menção de Adão ter-lhes servido de sacerdote. A oferta de cereais feita por Caim jamais teria recebido a aprovação de seu pai, pois tentou aproximar-se de Deus sem o sangue remidor; e Adão não teria aprovado o que o Senhor havia condenado (Gn 4.5).
Chegamos à conclusão, assim, que Adão e Eva foram os primeiros seres humanos a conceber a fé salvadora na graça de Deus, embora Abel fosse a primeira pessoa a morrer na graça da salvação, tendo precedido seu pai mais de oitocentos anos (Gn 4.5).
É preciso que façamos um comentário final a respeito do tirar-se conclusões do silêncio. Os evangelhos nunca mencionam que Jesus beijou sua mãe. Seria legítimo concluir-se daí que ele jamais a beijou? Da mesma forma, seria injustificado inferir-se da ausência de palavras de autocondenação e tristeza da parte de Adão, pelo seu pecado, que ele jamais, nos 930 anos de vida terrena, expressou seu arrependimento sincero ao Senhor.
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