quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Procedimentos Recomendados no Tratamento das Dificuldades Da Bíblia

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Quando você estiver tratando de problemas da Bíblia de qualquer ordem, quer se refiram a questões factuais, quer a doutrinárias, é bom seguir diretrizes adequadas para descobrir a solução. Isso fazem mais facilmente as pessoas que estudaram a Bíblia com cuidado e em oração, ao longo de muitos anos, tendo memorizado as Escrituras fiel e sistematicamente. Algumas diretrizes seriam:

1. Esteja totalmente persuadido de que existe uma explicação satisfatória para a dificuldade, ainda que você não a tenha encontrado ainda. Um engenheiro de aerodinâmica pode não entender como um abelhão consegue voar, no entanto, confia em que existe uma explicação satisfatória para tão brilhante desempenho, porque, afinal de contas, o abelhão voa! De maneira semelhante, podemos ter completa confiança em que o divino Autor de cada livro da Bíblia preservou o instrumento humano que o escreveu, isentando-o de erros e enganos ao fornecer-lhe o texto sagrado original.

2. Evite a falácia de trocar uma posição apriorística pelo seu oposto, cada vez que surgir um problema. Ou a Bíblia é a Palavra inerrante de Deus, ou é um registro imperfeito de homens falíveis. Desde que tenhamos entrado em acordo com Jesus Cristo de que as Escrituras são completamente dignas de créditos e cheias de autoridade, torna-se impossível nos transferirmos para outra hipótese, a de que a Bíblia é apenas um registro sujeito a erros, escrita por homens falíveis, que escreveram a respeito de Deus. Se a Bíblia, como afirmou Jesus, é de fato a Palavra de Deus, deve então ser tratada com respeito, confiança e completa obediência. Diferentemente de todos os demais livros escritos por homens, as Escrituras nos vieram da parte de Deus; nelas encontramos o Deus que vive para sempre, que está presente em toda parte (2 Tm 3.16,17). Quando nos sentirmos incapazes de entender os caminhos de Deus ou de discernir suas palavras, devemos curvar-nos diante do Senhor em humildade e esperar com toda a paciência que ele nos esclareça aquela dificuldade ou nos livre de nossas provações segundo sua vontade e sabedoria. Pouquíssima coisa existe que Deus manterá fora de nosso alcance, se tivermos o coração e a mente entregues a ele, como crentes sinceros.

3. Estude cuidadosamente o contexto e a estrutura verbal do versículo ou da passagem em que o problema se encontra, até você obter uma idéia do que ele quer dizer dentro de seu ambiente. Pode ser necessário estudar o livro todo em que essa passagem esta inserida; anote cuidadosa­mente como cada termo-chave ocorre em outras citações. Compare um versículo com o outro, de modo especial todos os demais trechos da Bíblia que tratam do mesmo assunto ou doutrina.

4. Lembre-se de que nenhuma interpretação das Escrituras é valida se não se basear numa exegese cuidadosa, a saber, no compromisso sincero de saber com exatidão o que o autor da antiguidade quis dizer com as palavras que usou. Isso se realiza mediante o estudo cuidadoso das palavras-chave, conforme definidas pelos dicionários (hebraico e grego), e usadas em textos paralelos. Pesquise também o sentido especifico dessas palavras em expressões idiomáticas que aparecem em outras partes da Bíblia.

Pense sobre a confusão que deve ter um estrangeiro quando lê em um de nossos textos algo assim: "Fulano tomou um banho, depois tomou seu café e a seguir foi tomar o ônibus."; "Tome conta de seu dinheiro, se não um ladrão o tomar o de você."; "Tome juízo, menino!"; "Vamos tomar nota disso.". O verbo tomar tem sentido diferente em cada frase. É de presumir que as palavras que geram sentidos diferentes possuem as mesmas raízes ou a mesma origem etimológica. Entretanto, pode haver total confusão se a pessoa entender mal o que o autor escreveu o que quis expressar ao usar esses vocábulos. Tenha em mente que a inerrância acarreta a aceitação do que o autor bíblico quis dizer ao usar determinadas palavras e a crença no sentido original delas. Se ele quis que suas palavras fossem entendidas literalmente, é errado tomá-las em sentido figurado; Se as aplicou em sentido figurado, e errado tomá-las literal­mente. E por isso que devemos aplicar-nos a exegese cuidadosa, a fim de descobrir o que o autor quis dizer a luz das situações e dos sentidos de sua época. Eis um trabalho árduo. O uso da intuição ou do julgamento demasiado rápido pode apanhar o exegeta numa teia de falácias e de tendências a distorções subjetivas. Isso em geral resulta em heresia pre­judicial à causa do Senhor, a quem desejamos servir.

5. No caso de textos paralelos, o único método justificável é o da harmonização. Isso significa que todos os testemunhos emitidos por varias pessoas que viram dado acontecimento devem ser considerados dignos de confiança quanto ao que foi feito ou dito em sua presença, ainda que tenham presenciado os fatos de ângulos diferentes. Quando os discernimos, os alinhamos e os colocamos juntos, na perspectiva correta, obtemos uma compreensão mais completa dos fatos do que obteríamos de cada testemunho considerado individualmente. Todavia, como acontece no caso de qualquer processo investigativo conduzido de modo adequado num tribunal jurídico, o juiz e o júri devem considerar cada testemunho verdadeiro, desde que os fatos sejam vistos da perspectiva da própria testemunha — a menos que, é claro, essas autoridades estejam diante de mentirosos indignos de confiança. Só a injustiça seria bem servida se crêssemos em qualquer outro pressuposto — como, por exemplo, o de que cada testemunha é tida por não-fidedigna a menos que seu testemunho seja corroborado por fontes externas. (Esse, obviamente, é o pressuposto dos oponentes da inerrância das Escrituras, o que os leva a resultados totalmente infundados.)

6. Consulte os melhores livros disponíveis, de modo especial os produzidos por especialistas que crêem na integridade das Escrituras. Pelo menos 90% dos problemas são estudados e analisados pelos bons comentaristas. Bons dicionários e enciclopédias bíblicas podem dirimir muitas dívidas. Uma concordância analítica deve ajudar a apurar o emprego das palavras.

7. Muitas dificuldades são resultantes de pequenos erros cometidos pelos escribas que copiavam os textos. No Antigo Testamento, tais falhas de transmissão textual poderiam ter ocorrido por causa de uma leitura deficiente das vogais; na origem, o hebraico era escrito apenas com consoantes. As vogais não eram assinaladas, e os sinais correspondentes a elas só foram acrescentados cerca de mil anos depois de concluído o cânon do Antigo Testamento. Além disso, há certas consoantes que podem ser confundidas com facilidade pela grande semelhança entre elas (e.g., d, [d, daleth] e r [r, resh] ou y [y, yod] e w [w, waw]). E mais: foram alguns vocábulos preservados em grafias muito antigas, criando a possibilidade de engano por copistas hebreus de período posterior. Em outras pala­vras, só o apego a crítica textual e a análise do texto quanto aos tipos mais freqüentes de confusão e de erro pode esclarecer a dificuldade. Incluem-se aqui também as confusões a respeito de numerais; erros estatísticos encontram-se em nossos textos atuais das Escrituras (e.g., 2Rs 18.13).

8. Sempre que os registros históricos da Bíblia são questionados, com base em supostas discrepâncias com os achados da arqueologia ou com o testemunho de documentos não hebraicos antigos, tenha em mente que a Bíblia é em si mesma um documento arqueológico da mais elevada qualidade. Quando um registro pagão discorda de um registro bíblico, afirmar simplesmente que o autor hebreu é quem está errado é grosseira tendência unilateral da parte do crítico. Os reis pagãos praticavam a propaganda do auto-endeusamento, da mesma forma que os atuais políticos. Seria então ingenuidade incrível supor que uma declaração feita em linguagem assíria cuneiforme ou em hieróglifos egípcios contenha mais verdade e mereça maior confiança do que a Palavra de Deus escrita em hebraico. Nenhum outro documento antigo oriundo dos tempos anteriores a Cristo apresenta tantas provas de precisão e integridade como o Antigo Testamento. Por isso, constitui violação das regras da evidência presumir que as declarações da Bíblia estejam erradas cada vez que entram em desacordo com as inscrições seculares ou com manuscritos de algum tipo.

Gleason Archer

 

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Fonte: Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas

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